Como alternativa à produção convencional em gaiolas, o sistema “cage-free” ou livre de gaiolas permite que as aves tenham acesso a ninhos e comportamentos naturais para a espécie.
Cresce no Brasil a procura por ovos livres de gaiolas
O interesse por ovos de galinhas criadas livres de gaiolas (cage-free) vem aumentando, devido à preocupação quanto ao bem-estar animal. Ainda que no Brasil este tema seja recente, órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) debatem regularmente, visando a adequação dos sistemas convencionais para estes alternativos.
O mercado cage-free é muito mais explorado na Europa. Em nosso país o governo, universidades, ONGs e empresas privadas estão unindo ações, desde a pesquisa até o marketing do produto. A meta é educar e promover a mudança do comportamento dos consumidores.
Proporcionalmente, a produção de ovos em sistemas alternativos ainda é pouco disseminada entre os produtores nacionais. Mas existe um crescimento acelerado, com grande número de granjas se estruturando a fim de atender esse modelo de criação e suprir a demanda emergente.
Sistemas alternativos de produção de ovos no Brasil
A existência de alternativas para a produção de ovos, de forma ética, respeitando as aves e garantindo a produção da proteína de qualidade, é a grande opção para aqueles que querem agregar valor. Os sistemas existentes e regulamentados no país são os seguintes:
a) Sistema Cage-Free (em piso com ou sem cama)
As aves são criadas soltas, dentro dos galpões, sem acesso ao pasto. Regras para a fase de recria especificam densidade máxima, de acordo com a idade e peso das aves. Além disso, os animais devem ter acesso a poleiros a partir da 4ª semana de idade.
Fica proibido o uso de ingredientes de origem animal na ração, antibióticos preventivos ou promotores de crescimento. O uso da vacina nessa criação é permitido. Antibióticos são liberados apenas para tratar doenças. Para obtenção do selo de bem-estar animal é proibido o manejo de debicagem.
Devem ser controladas a ventilação, temperatura e concentração de amônia. Pede-se o mínimo de 6 horas contínuas de escuro e 8 horas contínuas de luz, sendo a luz artificial desligada de maneira gradual.
Neste sistema, ninhos devem estar disponíveis em uma proporção de 0,8 m2 de espaço de ninho coletivo, para cada 100 aves. Os poleiros são obrigatórios, com espaço correspondente a 15 cm por ave. Para galpões com piso único, a densidade animal deve ser de 7,1 ave/m². Com piso ripado (slat), a densidade máxima é de 9,1 aves/m². As aves ficam livres para caminhar e expressar comportamentos naturais.
b) Sistema Free Range (criação com acesso a piquetes)
Aves criadas em free range atendem as exigências do cage free. Porém, as aves ficam soltas no galpão com acesso diário a uma ampla área ao ar livre, ao menos 6 horas durante o dia (se o clima possibilitar). A construção protege os animais do mau tempo e garante espaço seguro para dormir, sem ameaça de predadores.
No galpão são disponibilizadas a alimentação, água, ninhos, poleiros e saídas laterais para as áreas de pastejo. A densidade máxima é de 5,2 aves/m². A distância que a galinha deve andar do perímetro da cerca até o alojamento não pode ultrapassar 366 metros.
As normas de bem-estar animal exigem que o piso seja coberto com materiais como maravalha ou casca de arroz, para que as aves expressem seus comportamentos naturais. Determinam também 15 cm de poleiros para cada ave, nos galpões de postura.
Arbustos, árvores ou estruturas artificiais devem estar na área externa, reduzindo o medo das aves a predadores aéreos. As aves se alimentam com nutrientes do pasto, contendo alta quantidade de pigmentos naturais (“carotenoides”). Assim, os ovos apresentam com gemas de cor mais intensa.
c) Sistema caipira (ou sistema colonial)
Para criação em sistema caipira, todos os critérios do cage-free devem ser cumpridos, com requisitos adicionais determinados por Norma Técnica (NBR 16437:2016). A densidade dentro dos galpões não pode ser superior a 7 aves/m². O aninhamento e a alimentação acontecem dentro do galpão, porém os sistemas caipiras permitem que as aves se exercitem ao ar livre.
Conforme a Norma, a produção de ovos comerciais de galinhas caipiras (espécie “Gallus gallus domesticus”) exige acesso a áreas de pastejo semiextensivo. Se o clima permitir, devem ter acesso aos piquetes durante toda fase de produção, sendo soltas pela manhã e recolhidas ao final da tarde.
A área externa deve conter bastante vegetação e áreas cobertas para proteger as aves de predadores. Toda área em volta do galpão deve ser cercada, com pelo menos 5m de afastamento entre cerca e galpão. A densidade máxima nesses locais é de 0.5 m²/ave.
Por legislação, a alimentação deve ser toda de origem vegetal, sem corantes e pigmentos sintéticos usualmente adicionados para acentuar a cor da gema nas criações convencionais.
d) Sistema Orgânico
A principal diferença entre os ovos caipiras e os orgânicos é a alimentação. A legislação permite até 20% de produtos convencionais na formulação da ração, mas não podem ser transgênicos. E é preciso autorização do órgão certificador para poder utilizar. Para outras matérias-primas da ração (suplemento vitamínico/mineral, sal, calcário, fosfato, corantes, etc.) é necessário que o fornecedor seja credenciado a alguma certificadora.
Para garantir que o ovo chegue ao consumidor sem nenhum resíduo químico, promotores de crescimento e antibióticos não são permitidos em nenhuma hipótese. Procedimento como a debicagem não é permitido, assim como já estipulado para o sistema cage-free.
Produzir ovos em sistema orgânico requer maior investimento inicial, comparado aos demais sistemas de produção. Entretanto, com o aumento da procura por alimentos sustentáveis e saudáveis, a taxa de retorno vem atingindo patamar considerável.
Para aprovação do selo orgânico, o produtor deve apresentar certificado emitido por uma entidade certificadora terceirizada, com parâmetros ditados pelo Ministério da Agricultura.
Ninhos automáticos são parte essencial nos sistemas alternativos
Qualquer que seja o sistema alternativo para produção de ovos, o ninho tem um papel fundamental. Este equipamento deve estar projetado para aumentar a aceitação pelas aves, assegurando assim elevada qualidade dos ovos. A utilização de tapete artificial especial garante ainda plena tranquilidade, assim como ovos mais limpos.
o ninho tem um papel fundamental. Este equipamento deve estar projetado para aumentar a aceitação pelas aves, assegurando elevada qualidade dos ovos
O ninho precisa ser fechado à noite, para evitar que as galinhas tentem dormir em seu interior. Um sistema programável faz com que todos os módulos sejam fechados suavemente, no horário desejado. E eventuais ovos remanescentes dentro do ninho rolam com suavidade para a esteira transportadora.
Construído em madeira (painéis de compensado naval revestidos com película impermeável, o Ninho Automático Gallus proporciona conforto térmico, com espaço adequado para uma postura efetiva. Possui estrutura muito resistente, com perfis de aço galvanizado e pés em plástico. O fechamento frontal também pode ser feito em madeira plástica, todos materiais livres de corrosão.
